A meditação tem
o poder de transformar e mudar a nossa mente e nos fazer enxergar
melhor o mundo à nossa volta
A
meditação está rapidamente se transformando em uma ferramenta
moderna para melhorar nossa mente.
Com
a crescente evidência científica de que a sua prática pode
aumentar a nossa criatividade, capacidade de memória e níveis de
inteligência, o interesse na meditação vem crescendo rapidamente.
Por
conta disso, uma série de programas de treinamento está prometendo
uma visão sobre como a meditação pode ser usada para aumentar
nosso desempenho individual, liderança e produtividade.
Isso
é ótimo. Mas se pararmos para pensar nisso, há uma certa
desconexão entre a busca dos benefícios e a verdadeira finalidade
da meditação.
Ganhar
vantagens competitivas e aumentar a criatividade nos negócios não
eram a preocupação de Buda e outros mestres da meditação.
Eu
ensino uma coisa, e apenas 1: o que é o sofrimento e como encontrar
o fim do sofrimento, disse Buda.
Para
Buda e outros líderes espirituais modernos, o objetivo da meditação
deve ser tão simples quanto isso. O controle elevado da mente que a
meditação oferece deveria ajudar os seus praticantes a ver o mundo
de uma nova maneira, nos libertando das categorizações que nos
separa.
Para
colocar essa questão em teste, o psicólogo Paul Condon uniu-se ao
neurocientista Gaëlle Desbordes e à lama budista Willa Miller para
realizar um experimento.
Qual
é o verdadeiro papel da meditação em nossas vidas?
Foram
recrutados 39 pessoas em Boston que estavam dispostas a participarem
de um curso de 8 semanas sobre meditação. Em seguida, selecionaram
20 pessoas para participar de aulas semanais de meditação.
Os
19 restantes foram informados que haviam sido colocados em uma lista
de espera para uma turma futura.
No
final do período de 8 semanas de instrução os participantes foram
convidados para irem ao laboratório fazer uma experiência que
permitia examinar a sua memória, atenção e raciocínio cognitivo.
Mas
o que realmente interessava nesse processo era saber se, após as
sessões de meditação, as pessoas teriam mais compaixão diante do
sofrimento. Para isso, foi projetada uma situação para testar o
comportamento dos participantes sem que eles soubessem que aquela era
a verdadeira experiência.
Quando
o paciente entrava na sala de espera do laboratório para a possível
avaliação, encontrava 3 cadeiras, das quais 2 estavam ocupadas.
Naturalmente,
as pessoas se sentavam na cadeira restante. Enquanto esperavam, uma
quarta pessoa, usando muletas e gesso no pé entrava na sala,
reclamando de dor ao encostar na parede, de pé.
As
outras 2 pessoas na sala e a quarta pessoa, com as muletas, faziam
parte do experimento e, por isso, ignoraram a pessoa machucada,
deixando o paciente com um problema moral.
Será
que as pessoas agiriam
com compaixão, dando seus lugares para a pessoa que acabou de chegar
machucada, ou elas ignorariam
a situação?
Meditação
e trabalho andam juntas?
Os
resultados foram surpreendentes.
Apesar
de, apenas 16% das pessoas que não participaram do treinamento terem
dado os seus lugares – um fato reconhecidamente desanimador – a
proporção subiu para 50% entre as pessoas que haviam meditado.
Esse
aumento é impressionante não apenas porque aconteceu após 8
semanas de meditação, mas porque também isso aconteceu no contexto
de uma situação de uma situação premeditada para inibir o
comportamento atencioso: testemunhar outras pessoas ignorando uma
pessoa em perigo – o que os psicólogos chamam de efeito
espectador.
Embora
ainda não se saiba porque a meditação tem esse efeito, temos 2
explicações possíveis.
- A primeira hipótese repousa sobre a capacidade do aumento da atenção pela meditação, o que pode aumentar as chances de perceber a dor de alguém.
- A outra hipótese – e favorita dos especialistas – está na capacidade de promover uma visão de que todos os seres são interligados. O aumento da compaixão pelos meditadores pode se originar na capacidade de meditação para dissolver as distinções sociais: etnia, religião, ideologia e assim por diante.
A
próxima vez que você meditar, saiba que não está apenas
beneficiando a si mesmo, mas também beneficiando os seus vizinhos,
membros da sua comunidade e pessoas estranhas, ainda desconhecidas.
Isso
aumenta a chance de que você possa sentir a dor dessas pessoas e aja
para diminuí-la.
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